sexta-feira, 21 de março de 2014

Convivência harmoniosa em Foz é apenas um discurso bonito

Quando cheguei em Foz achava tão bonita particularidade das “mais de 70 etnias convivendo harmoniosamente”, até usava em meus textos sempre que podia. Depois de um tempo passei a desconfiar, pois não via tanta harmonia assim.

Hoje sei que isso é apenas um discurso bonito, pois aqui as pessoas se toleram, ou toleravam. O estigma dos “turcos” está aí para provar, talvez eles – os árabes – sejam os que convivem há mais tempo com a (in)tolerância ao lado dos paraguaios, é claro.

Por falar em preconceito, estamos nos tornando uma cidade estranha com relação a outros aspectos. A morte da estudante uruguaia Martina Piazza, cujo assassino levianamente argumentou motivação religiosa para o crime, apontou para a desgraça do preconceito com relação às religiões de matriz africana. Ouvimos muita bobagem nas ruas, nas redes sociais e até na mídia.

Alias, Martina era unileira e esta característica também é um dos alvos do momento. A chegada dos estudantes latinos trouxe na cidade alguns olhares “tortos”e adjetivos pejorativos para classificar os acadêmicos estrangeiros.
Outro fator que precisa de analise e urgente atitude é o preconceito de gênero, que por aqui tem se manifestado de forma cruel. Para quem não sabe, já estamos na quinta morte violenta de mulheres somente este ano.

Talvez seja a hora de abandonar o discurso bonito de harmonia e partir para uma reflexão séria sobre o assunto e aí sim buscarmos a essa tal convivência pacífica que Foz precisa e merece.


sexta-feira, 7 de março de 2014

Um texto hormonal

Passei o dia ensaiando para escrever um texto para o Dia Internacional da Mulher, como faço todos os anos. Vi muita coisa boa na internet, textos bem escritos e fundamentados.

Queria fazer algo diferente, mas sem fugir à ótica política. Não consegui. Sentei em frente ao computador várias vezes e nada. A cólica não deixou, me oprimiu o dia inteiro e o cérebro não conseguiu dar vazão a nenhuma das ideias que tive.

Os únicos textos que saíram foram mensagens de celular para meu noivo, em quase todas reclamando de cólica e dor de cabeça. Meu corpo havia esquecido dessas “intempéries”hormonais (passei quase seis anos com DIU).


Enfim, o texto político não veio, mas hoje não esqueci nem um minuto que nós mulheres, além das batalhas diárias que a sociedade nos impõe, ainda temos de encarar muitas delas com cólicas.