Quando cheguei em Foz achava
tão bonita particularidade das “mais de 70 etnias convivendo harmoniosamente”,
até usava em meus textos sempre que podia. Depois de um tempo passei a
desconfiar, pois não via tanta harmonia assim.
Hoje sei que isso é apenas um
discurso bonito, pois aqui as pessoas se toleram, ou toleravam. O estigma dos “turcos”
está aí para provar, talvez eles – os árabes – sejam os que convivem há mais
tempo com a (in)tolerância ao lado dos paraguaios, é claro.
Por falar em preconceito, estamos
nos tornando uma cidade estranha com relação a outros aspectos. A morte da
estudante uruguaia Martina Piazza, cujo assassino levianamente argumentou
motivação religiosa para o crime, apontou para a desgraça do preconceito com
relação às religiões de matriz africana. Ouvimos muita bobagem nas ruas, nas
redes sociais e até na mídia.
Alias, Martina era unileira e
esta característica também é um dos alvos do momento. A chegada dos estudantes
latinos trouxe na cidade alguns olhares “tortos”e adjetivos pejorativos para
classificar os acadêmicos estrangeiros.
Outro fator que precisa de
analise e urgente atitude é o preconceito de gênero, que por aqui tem se
manifestado de forma cruel. Para quem
não sabe, já estamos na quinta morte violenta de mulheres somente este ano.
Talvez seja a hora de
abandonar o discurso bonito de harmonia e partir para uma reflexão séria sobre
o assunto e aí sim buscarmos a essa tal convivência pacífica que Foz precisa e
merece.