sábado, 30 de junho de 2012
O golpe e a imprensa
A imprensa, como sempre... capaz de manipular, distorcer e esconder. Nossos vizinhos paraguaios acabam de sofrer um duro golpe à democracia. Num país que já foi vítima de tantas injustiças históricas, mais uma vez estamos diante de um quadro triste e preocupante.
Durante a cobertura das manifestações contra o golpe nesta sexta-feira (29) muitos manifestantes comentaram o fato de imprensa estar “intimamente”ligada aos arquitetos do vergonhoso ataque à democracia.
Fato que não estranhei, pois durante as pesquisas para o livro Terrorista Por Encomenda o que mais vi foram informações absurdas e até mesmo invenções descaradas daqueles que deveriam agir como porta-vozes do povo. Na verdade, são sim, porta-vozes de interesses maiores, dos grandes latifundiários, imobiliárias e outros nomes já conhecidos do agronegócio exportador e explorador.
Por lá, já começam as prisões arbitrárias daqueles que defendem os trabalhadores, enquanto isso a população fica alheia a todos estes fatos. O Paraguai está retornando à uma ditadura perigosa, onde quem sofrerá as consequências, como sempre, será o povo,já sofrido, pobre e cada vez mais oprimido.
Pior de tudo, com apoio de setores da mídia. A grande mídia brasileira não fica atrás, também tem seus interesses, portanto, cabe a nós; os pequenos - que ainda nadam contra a maré – ajudar na divulgação das arbitrariedades e nos posicionarmos em favor do povo, a favor da liberdade, da democracia e de uma América Latina livre de tiranos.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Escolas particulares: alunos ou clientes?
Ouvi uma frase hoje que me chocou, como mãe e como cidadã. Até agora me martela uma pergunta: escolas particulares possuem alunos ou clientes? Como sempre vou bater no sistema Capitalista: é ele sim o responsável por transformar aquilo que deveria ser público e de qualidade em mercadoria.
A educação comprada é perigosa e aos pais cabe estarem atentos ao tipo de formação social e moral que a instituição escolhida incute em seus filhos. Cabe verificar se aqueles pequenos seres em formação de caráter não são vistos como meras mercadorias, num mercado concorrido e de poucos valores morais. Não tenha dúvidas de que os valores daqueles que controlam estas instituições irão sim parar nas cabecinhas inocentes de nossas crianças. Pois, para quem não sabe, criança tem muito mais facilidade de assimilar as coisas que “pairam no ar” do que nós adultos, digo isto como mãe de três e como quase pedagoga (saí do curso no último ano para ser jornalista).
Alguém pode até dizer que valores morais são passados em casa, pela família. Concordo, mas havemos de ponderar que eles passam cerca de quatro horas por dia (quando não, período integral), cinco dias por semana dentro de uma instituição que deve lhes oferecer a educação formal. A questão é que dentro desta educação formal existe uma grande bagagem, que vem junto nas entrelinhas, naquilo que não é dito de verdade, mas que é presente e eles percebem.
Hoje nossos filhos estudam em escolas particulares enquanto pequenos para terem a chance de ocuparem suas cadeiras nas instituições públicas quando forem para faculdade. Ainda considero isto um fato estranho, mas é a realidade brasileira atualmente. Fiz o caminho inverso; estudei até o Ensino Médio em escola pública, aí devido aos fatores como a mudança para Foz do Iguaçu e outros, fui parar em uma faculdade particular, onde vi de perto como as coisas funcionam na realidade, ou seja, se você está em dia, tudo bem, “é um bom cliente”, ops, “bom aluno”. Assim, tem o direito de exigir certas coisas e recebê-las também. Agora se não está em dia, se você não paga direito, tudo muda de figura.
É fato que as escolas públicas precisam de investimento e melhorias, mas ainda, acredito que alunos sejam tratados como alunos, crianças como devem ser. Muitos dizem que a educação não se compara com a de uma escola particular. Tenho minhas dúvidas, pois continuo acreditando – talvez até de forma utópica – que alunos não são moeda de troca. Portanto, aos pais, muito tato na hora de escolherem a instituição abrigará seus filhos, não permitam que eles sejam vistos como mercadoriazinhas, bonitinhas e concorridas.
Por fim, estudando em escola pública ou particular, nós, pais, temos sim o direito e acima de tudo o dever de acompanhar a formação de nossos filhos. Se for o caso, de cobrar da escola, pois não estamos lidando com bonecos e sim, com seres humanos que irão lá na frente reproduzir os valores que recebem hoje. Pelos meus, lhes garanto cobrarei até o fim, não interessa se pago ou não pelo estudo. Sou mãe e tenho o direito de acompanhar o desenvolvimento de minhas crianças.
terça-feira, 5 de junho de 2012
Preconceito e integração não caminham juntos
Marxista! Para você o que é “marxista”?. Não vou aqui
explanar sobre o termo, mas vou dizer que para muitos ele é um xingamento, uma
forma de humilhar, como se outro (o marxista) fosse uma espécie estranha, um
criminoso, um contraventor. Ah sim, a melhor definição: um subversivo, como se
dizia no período da ditadura.
O episódio ocorrido na noite de domingo (3) quando policiais
militares de Foz do Iguaçu, sob a alegação de uma denúncia por perturbação de
sossego estiveram em uma moradia da Unila, me fez refletir sobre o termo e
sobre o preconceito. A moradia foi palco
de um conflito entre PMs e estudantes, um deles, estudante de Sociologia foi “acusado”,
de “marxista”.
O que causa estranheza no caso não é a postura do policial,
pois talvez, ele nem saiba quem foi Karl Marx, mas sim, a postura de muitos
outros cidadãos da cidade, que baseados nas primeiras informações sobre o
assunto iniciaram um debate preconceituoso a respeito da presença daqueles
estudantes na cidade. Muitos destes, também estudantes de outras universidades,
que ao invés de saberem sobre a realidade dos fatos, preferiram manifestar seu
desgosto com os estrangeiros da Unila, com aqueles estranhos, “marxistas”, “comunistas”,
“anarquistas”...
Não irei aqui dizer que os alunos da universidade da
integração são anjos, até porque ali, existem pessoas das mais diferentes
situações e histórias de vida, estrangeiros, brasileiros de outros estados,
enfim, jovens das mais diferentes origens e situações. Fato é, que quase todos
vivem longe de suas famílias e formam ali, entre eles mesmos, sua outra
família, o que lhes dá sim, o direito de se reunirem, comemorarem o que quer
que seja – é, claro, dentro dos limites existentes na sociedade.
O som que teoricamente havia perturbado vizinhos do hotel
Passaport, ou melhor, da moradia Quebrada do Guevara, partia de duas caixinhas
de som, dessas de computador, ligadas a um celular. Havia um violão e haviam
vozes. Depois disso houve truculência, houve despreparo e houve preconceito.
Não consigo imaginar outra palavra para justificar a ação e os posteriores
comentários do tipo “somos nós que pagamos por isso”. Ou seja, uma parcela da
sociedade indignada por pagar com seus impostos para que estudantes “baderneiros”
provoquem confusão na cidade.
O vídeo divulgado hoje mostra claramente como alguns fatos
daquele triste episódio realmente aconteceram, bem diferente das primeiras
versões divulgadas por setores da imprensa iguaçuense. Com este acontecimento, ficou nítido que esta
tão propagada “harmonia entre os povos” e a integração latino-americana ainda
precisa caminhar muito para alcançar sua plenitude.
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