quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Redução da maioridade penal: a solução da delinquência juvenil?
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
O medo de perder o voto
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Unioeste debaterá golpe e missão estadunidense já está na região fronteiriça
sábado, 30 de junho de 2012
O golpe e a imprensa
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Escolas particulares: alunos ou clientes?
terça-feira, 5 de junho de 2012
Preconceito e integração não caminham juntos
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Livro Psiquiatria Sem Alma é lançado em Foz do Iguaçu
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Unila: um caminho para integração da America Latina na Tríplice Fronteira
terça-feira, 1 de maio de 2012
Blog novo na área!
Fatos inverídicos e aberrações inventadas
O pecado da mídia
Artigo publicado no site www.guata.com.br
Jornalistas no combate ao mau jornalismo
A imprensa e a construção do terrorismo no Brasil
Contrabando, crime organizado, tráfico, terrorismo. Há muito tais termos norteiam as notícias veiculadas na imprensa nacional e internacional sobre uma das regiões mais peculiares do planeta: a Tríplice Fronteira. Nos últimos tempos a pauta principal ficou mesmo em torno da possível existência de células terroristas abrigadas na região.
Composta pelas cidades de Foz do Iguaçu, no Brasil, Ciudad del Este, no Paraguai e Puerto Iguazu, na Argentina, a região trinacional já foi palco para dezenas de hipóteses. Entre elas, de ser um dos maiores canais de movimento financeiro para grupos radicais islâmicos e possuir bases de treinamento para jovens extremistas. Afinal, quais as verdades ou as invenções por trás de tudo isso?
Ao ser declarada por Bush (filho) a segunda etapa da "guerra contra o terror", após os atentados de 11 de setembro de 2001 o espaço onde vivem cerca de 15 mil árabes - imigrantes e descendentes - entrou na lista negra do governo estadunidense. Inaugurada aquela que muitos chamariam de a "nova era na segurança mundial", a mídia também deu início a uma campanha em busca do terrorista escondido na fronteira latino-americana. Assim, como se não bastassem todos os estigmas já enfrentados por este lugar, mais um rótulo era criado.
Recentemente a revista Veja e a editora Abril, foram condenadas pela publicação de uma reportagem chamada "A rede do terror no Brasil", de 6 de abril deste ano. A ação movida por 16 organizações islâmicas pede direito de resposta pela reportagem tendenciosa. Até onde se sabe, Veja já entrou com recurso contra a decisão. Na reportagem, a revista expos novamente a figura do homem que ficou conhecido pela acusação de responsável pelo envio de milhões de dólares para financiamento das atividades terroristas de extremistas islâmicos e uma série de outros crimes jamais comprovados.
Assaad Ahmad Barakat tornou-se o símbolo do terror na fronteira, o verdadeiro representante do Osama Bin Laden neste lado do mundo e por isso passou seis anos preso no Paraguai - após extraditado pelo Brasil em uma decisão polêmica do Supremo Tribunal Federal. O motivo da condenação: evasão fiscal de 100 mil guaranis, o correspondente a R$ 50 reais. Cumpriu toda a pena e está livre de qualquer acusação jurídica, mesmo assim, voltou a ter seu rosto divulgado na página da Veja como um dos terroristas que "estão entre nós". "Cumpri toda pena que me foi imposta e estou tentando voltar a vida normal aqui em Foz do Iguaçu. De repente abro uma revista e vejo meu rosto novamente estampado como um bandido perigoso". Após liberto, Barakat viveu um ano em Curitiba e voltou à Foz. Mora no Brasil e trabalha em Ciudad del Este, onde reabriu um comércio.
Embora sua "dívida" tenha sido paga perante o Estado, Barakat ainda não está livre da mídia. Seu processo de reconstrução pode ser ainda bastante dolorido e moroso. "Sou comerciante, depois dessa reportagem me sinto inseguro em relação as outras pessoas, não sei como serei visto pelos que entrarem em minha loja". Certamente, esta insegurança não se restringe apenas à Barakat, mas a toda comunidade árabe perante uma pregação ideológica constante, com um patrocinador ansioso e nervoso do outro lado. Quem saberia dizer qual o próximo passo? O clima de incerteza impera na comunidade e não poderia ser diferente com base em tudo o que já sofreram; preconceito, intolerância, casos de xenofobia e muito mais.
Enquanto isso a imprensa vai cumprindo sua função de aparelho reprodutor do sistema dominante e eliminando vidas através de palavras. Dessa maneira, materializaram a necessidade de um terrorista, pariram o que lhes foi encomendado pela hegemonia do poder dominante, trouxeram para nós uma guerra, cujos interesses passam longe de um bom furo de reportagem.
Uma matéria desta como da Veja, mancha ainda mais a imagem de um local já marcado pela violência sutil, daqueles que outrora apontavam a seta do preconceito para os sacoleiros. Esta violência que chamo de sutil é uma das mais aniquiladoras que existem, pois é capaz de roubar identidades, criar mitos e apagar com precisão as possibilidades de construção de uma nova imagem.
Para quem ainda não teve oportunidade de ler nos grande órgãos da imprensa (porque eles não publicam), além de ser considerada uma área geograficamente particular, na Terra das Cataratas vivem cerca de 72 etnias, conviendo do forma harmônica e respeitosa. A diversidade cultural cresce ainda mais agora com a presença da Unila - Universidade Federal da Integração Latino Americana, porém, estes fatores não são importantes para eles - infelizmente.
Artigo publicado originalmente no Blog do Nassif http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-imprensa-e-a-construcao-do-terrorismo-no-brasil